sexta-feira, 30 de maio de 2008

Caçada à viúva de bancário


Polícia pede prisão da gerente de banco. Ela teria encomendado a morte do marido a cliente endividado

Rodrigo Nery

Rio - A polícia pediu a prisão da gerente de banco Anny Moraes Viana, viúva do também bancário Marcelo Vidal Leite Ribeiro, 28 anos, morto a tiros dia 15 de abril, numa até então suposta tentativa de assalto no Andaraí. Homens do Serviço Reservado do 16º BPM (Olaria) prenderam ontem dois irmãos que confessaram ter participado do crime e contaram que ele foi encomendado por Anny, que teria pago R$ 7,8 mil pelo serviço. A gerente, que no enterro do marido foi vista aos prantos, não foi localizada pela polícia ontem.

Os PMs obtiveram a informação de que os suspeitos estavam na Rua Senador Nabuco, em Vila Isabel, junto ao Morro dos Macacos. Os irmãos Sandro, 25 anos, e Alessandro Tabachi de França, 19, o Lequinho, não resistiram à prisão e confessaram o assassinato. Sandro, que é feirante, era correntista da agência bancária em Vila Isabel onde Anny era gerente e tinha dívida. Ele afirmou que ela lhe daria ajuda financeira em troca de um ‘trabalho’: matar Marcelo.

AMANTE TAMBÉM NA MIRA

Segundo Sandro, Anny teria acusado o marido de agredi-la e de ter amante. O feirante terceirizou a encomenda para o irmão, Lequinho, que, segundo a polícia, teria ligações com traficantes do Morro dos Macacos. Lequinho e amigo identificado como Galinha usaram pistola calibre 380 e revólver calibre 32 na execução.

Os dois contaram que Anny os levou duas vezes até o Condomínio Tijolinho, onde o marido jogava futebol com amigos, para que conhecessem o local, e lhes entregou uma foto da vítima. No dia do crime, ela teria levado as armas até eles, para evitar que fossem pegos pela polícia, e lhes deu luvas cirúrgicas, a chave reserva do carro de Marcelo, um Ford Focus dourado, e o controle remoto do portão do estacionamento do condomínio, para facilitar a fuga.

Lequinho abordou a vítima, portando o revólver. Marcelo reagiu e Galinha o executou, com tiro de pistola, na nuca. Em seguida, fugiram com o carro, mas deixaram no local a mochila da vítima, onde estava a chave do veículo. Em depoimento, Anny teria contado que Marcelo costumava andar com as duas chaves.

Casal estava se separando dias antes do crime

Para a polícia, parentes e amigos, não há dúvida de que o crime foi passional. “O Marcelo já tinha conversado com a Anny e pedido a separação, porque estava namorando outra menina. Ele já tinha saído de casa uns cinco dias antes do crime”, contou o corretor de seguros Marcos da Silva Souza, 30 anos, primo da vítima.

Marcelo e Anny eram casados havia quatro anos quando ele foi morto. O casal completaria cinco anos de união em 17 de abril, dia do enterro do bancário, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Segundo amigos, ele era alegre e batalhador e não abria mão do futebol semanal com os amigos.

UM DOS PRESOS TINHA DÍVIDA DE R$ 20 MIL NO BANCO DA ACUSADA

Sandro contou a policiais que Anny começou a ajudá-lo no banco algum tempo antes de pedir a ele que matasse Marcelo. Com dívida de R$ 20 mil, ele contava com a gerente para ‘segurar’ cheques sem fundo e evitar que fossem reapresentados.

Em visita ao banco — que fica no Boulevard 28 de Setembro — para tentar empréstimo, ela teria oferecido a Sandro um ‘trabalho’. Em restaurante próximo dali, Anny mostrou-lhe hematomas no pescoço e contou que apanhava do marido. Disse que era traída e pediu ao feirante que o matasse.

No dia seguinte ao crime, ela teria entregue a Sandro R$ 4 mil em espécie. Depois, depositou R$ 800 na conta da mulher de Sandro. Na entrega da última parcela, de R$ 3 mil, ela combinou novo encontro para discutir o assassinato da amante de Marcelo.

A gerente teria proposto comprar casa para que queimassem o carro de Marcelo, mas eles abandonaram-no perto do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, onde foi recuperado. A presença da PMs irritou traficantes, que teriam matado Galinha.

O DIA Online

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